CAROLINA BRITO
Todos a conhecem por Carol e não menos pelo seu acarajé, que serve no restaurante onde a especialidade é este bolinho baiano.
POR FILIPA MARTA
A bisavó fazia acarajé, a avó fazia acarajé e a mãe fazia acarajé. Estranho seria se Carol, a mais nova de 14 irmãos, não herdasse a mão para este prato que é Património Cultural Imaterial do Brasil. A viver em Portugal há 21 anos, Carolina Brito, mais conhecida por Carol, explica que já é fácil encontrar por cá tudo o que de mais típico caracteriza a comida baiana, tal como a raiz de mandioca ou a carne seca. «Mas ainda hoje chegou uma mala que a minha mãe enviou do Brasil cheia de banana-da-terra. E não há como a do Brasil», garante, em conversa com a Apetece. Foi em família que aprendeu a cozinhar e em criança já ia à feira comprar os ingredientes para, com a ajuda das mulheres da casa, aprender os básicos.
Quando chegou a Portugal, fazia o acarajé que a levava de novo para a casa da «maínha», nome carinhoso pelo qual trata a avó, aquela que cozinhava no fogo, com uma panela de barro velha, e que fazia Um petisco que me faz lembrar a casa dos meus avós… Acarajé. Uma peça de fruta que nunca falta cá em casa… Banana. O meu guilty pleasure é... Feijão. Sou a louca do feijão. Não troco o meu feijão por nada. a comida com mais sabor. Os amigos gostavam e pediam mais. Os clientes voltavam e não queriam ter a oportunidade de comer o verdadeiro acarajé só em eventos especiais. Foi assim que Carol passou a tomar conta de restaurantes de amigos, onde promovia as noites baianas, para em 2017 abrir o seu espaço: o Acarajé da Carol, no Bairro Alto.
Mas afinal o que é um acarajé? «É um bolinho feito de pasta de feijão-frade, frito em azeite de dendê, aberto ao meio e recheado de vatapá, vinagrete e camarão seco», explica. Em seis anos com a porta aberta e uma pandemia pelo meio, admite que nem sempre foi fácil manter o moral no alto, mas desistir nunca foi opção. Com 40 anos, já é mais o tempo a viver em Portugal do que no Brasil, mas a ideia nunca será voltar. «Este país já é o meu», diz, encontrando conforto numa bochecha de porco, num arroz de pato ou num arroz de polvo, os seus pratos nacionais favoritos. «Misericórdia, em Portugal come-se muito bem.»
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